Mentalidade
Mediando conflitos por uma cultura de paz
Cejusc vai às escolas da rede municipal para instaurar uma consciência coletiva de paz e coleguismo
Carlos Queiroz -
Toda primeira segunda-feira do mês, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) vai até uma escola municipal tratar de um dos principais temas de discussão para a gurizada: combate ao bullying. O método é usar a força do diálogo para se colocar no lugar do próximo e rever suas posições. E nesta segunda-feira (1) o projeto Conversando a Gente se Entende, em parceria com a rede municipal de educação, esteve na Escola Municipal Independência, no Sítio Floresta.
A instauração de uma cultura de paz é presente nas palestras. A gestora do Cejusc, Marília Reis Gonçalves, explica que o projeto já vem de 2012, mas o convênio com o município foi fortalecido a partir do Pacto Pelotas pela Paz. Alunos do 6° e do 7° anos do Ensino Fundamental assistiram à palestra. Na concepção dela, a iniciativa é uma "sementinha plantada" no subconsciente deles para aplicar em casa e em sua comunidade os ensinamentos. "A gente faz essa conversa e depois propõe trabalhos a serem discutidos também em casa", explica. Além da palestra contra o bullying, na semana seguinte o Cejusc costuma retornar às mesmas escolas para realizar um trabalho para a prevenção ao uso de drogas.
A palestrante é a conciliadora, mediadora e facilitadora de Justiça Restaurativa, Nívia Benites. Na sua fala, destacou que saber fazer as pazes, pedir desculpas e se colocar no lugar do outro é fundamental para ser um agente da paz. Através desses diálogos, é possível resolver conflitos sérios mudando de comportamento e espalhando amor. Ao final, ela pediu para os alunos divulgarem o que absorveram e transformarem-se também em mediadores de conflitos.
Comunidade escolar aprova
Aluno do 7° ano, Artur Behling Rutz disse ter aprovado a palestra. Entre colocar-se no lugar do outro em temas como racismo e bullying, ele disse ter aprendido a não ver o próximo com diferença, mas sim as respeitando. Ele afirma já ter visto casos de desrespeito em ambiente escolar, inclusive na sala de aula, e espera que a partir de agora ocorra uma mudança de mentalidade coletiva. "A maioria aprendeu a repensar", destaca.
Para a professora da turma, Amanda Vasconcelos, a dinâmica serviu para aprender a resolver atritos entre os próprios alunos e também com familiares. No ambiente escolar, afirma já haver uma abertura para estabelecer o vínculo afetivo e o coleguismo, gerando espaço para a inclusão. Assim como ela, a orientadora educacional Jussara Horta diz que a palestra vem a somar. Explicar para o aluno que temas vistos como piadas na verdade são bullying pode mudar suas relações. "Mas tem que ser diário este exercício", alerta.
Conciliação em diversos âmbitos
Nívia Benites usou o caso ocorrido na última semana no Paraná, quando alunos atiraram contra colegas, para explicar como deve ocorrer o trabalho da Justiça Restaurativa. Ela defende ser necessário fazer restauração após identificar casos de desrespeito e não apenas com os envolvidos, mas criando uma consciência coletiva. "O respeito ou a falta dele é o que faz os conflitos serem resolvidos", aponta.
O Cejusc atua em diversos âmbitos além do escolar. Outras escolas e também empresas podem fazer contato para receber as palestras, com cerca de uma hora de duração. Além disso, trabalha fazendo conciliações sem ações judiciais. Marília explica que nestes casos as partes são convidadas a sentar e resolver questões através do diálogo, dando a todos um acesso democrático e gratuito à justiça. Nela, não é necessário contar com advogados ou processos instaurados.
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